“Direitos Humanos, Movimento Estudantil no Julinho e Comissão da Verdade.”
Justificativa:
O
tema “Comissão da Verdade” está no cenário político da atualidade.
Jornais, revistas, televisão e rádios dão ênfase a esta questão. Após 27
anos do fim do Regime Militar, o Brasil poderá, finalmente, passar a
limpo este triste período de sua história e verificar o que realmente
aconteceu com as pessoas que se opuseram à Ditadura. Foram centenas que
desapareceram sem ao menos os familiares saberem o que realmente
aconteceu. Dentre elas, milhares de jovens estudantes que lutaram e
morreram para que hoje o povo brasileiro possa consolidar sua
democracia.
Por
ser este um importante desafio para o Brasil, a proposta do projeto
“Direitos Humanos - Comissão da Verdade no Julinho”- é mostrar aos
jovens estudantes de hoje o que ocorreu durante a Ditadura Militar,
imposta a partir do golpe de 1964. Para tanto, as palavras de nosso
ex-aluno Cláudio Gutiérrez, escritas no seu livro “A Guerrilha Brancaleone” (1999) - nos inspira a trazer este assunto para dentro da Escola. Diz ele: “Em
todas as cidades existem locais que, por sua significação no imaginário
das pessoas, tornam-se referências, verdadeiros símbolos. O Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, é, para os porto-alegrenses, sinônimo de inconformidade e rebeldia”.
E é
por essa “inconformidade e rebeldia” que muitos alunos, pelas mãos de
um Grêmio Estudantil extremamente atuante na época, foram às ruas
manifestar sua indignação contra a Ditadura Militar. Com uma
participação intensa, alguns fizeram parte de organizações ativistas que
foram para a linha de frente encarar diretamente o autoritarismo e a
violência policial impostos pelo regime. Entre eles, três jovens, fazem
parte desta história: Luiz Eurico Tejera Lisboa, Nilton Rosa da Silva e Jorge Alberto Basso.
As fotos desses estudantes estão no saguão da Escola, em um justo
tributo prestado pelo Grêmio Estudantil, Gestão 2002, por ocasião das
comemorações de seus 60 anos.
Para tanto, com o intuito de revisar essa história, será preciso
voltar ao passado para lembrar como tudo começou. Com isso, o projeto
passa a ser desenvolvido da seguinte maneira:
Eixos da Pesquisa:
1) Golpe
de 1964 e os Presidentes Militares / Os chamados “Anos de Chumbo” – com
os presidentes Costa e Silva e Garrastazu Médici: A falta de libertada
decretada pelo Ato Institucional N.º 5, o famoso “AI5” / A violação de
Direitos / A perseguição e o exílio de políticos, artistas e opositores
do regime.
2) A
resistência do Movimento Estudantil no Colégio Estadual Júlio de
Castilhos –destaque para os ex- alunos, citados anteriormente: Luiz Eurico, Nilton Rosa, e Jorge Alberto,
(mortos pelo Regime), ênfase também para Cláudio Antônio Gutiérrez,
cuja obra - “A Guerrilha Brancaleone”, servirá como análise para o
trabalho, bem como Lauro Hagmann e outros que viveram esse momento no
Julinho.
3) Além
de pesquisa sobre os ex-alunos, a ideia é verificar também como agia a
Direção do Colégio na época. Como se deu o apoio (ou não) dos
professores ao Movimento Estudantil. Como eles atuavam na sala de aula
no período da Ditadura. Se algum tipo de represália foi imposta aos que
não aceitavam a repressão.
4) Hoje,
o que dizem os familiares e amigos das vítimas da Ditadura, que sempre
lutaram para a existência da Comissão da Verdade.
5) O que é a Comissão da Verdade, qual é o seu objetivo e quem são os seus integrantes.
Como o trabalho será desenvolvido:
Pesquisa pelos alunos integrantes do Grupo sobre o tema:
a) Em jornais, revistas, Internet;
b) leitura das obras indicadas: * A Guerrilha Brancaleone, de Cláudio Gutiérrez, 1999; * O Julinho sempre foi Notícia, de Cora Copstein, Márcia Lima e Silva, Neiva Schaffer, 2001, * Resgate da Memória da Verdade: um direito histórico, um dever do Brasil - (SDH Presidência da República) 2011;
c) análise da música “Aquele tempo de Julinho” – de Nelson Coelho de Castro,
d) entrevistas para buscar depoimentos de ex-alunos, ex-professores, familiares;
Fechamento do projeto no ano de 2012:
a) Seminário com
familiares e amigos dos três ex-alunos que morreram vítimas da ditadura, bem como ex-alunos da escola, que darão o seu
testemunho sobre os acontecimento
vivenciados neste período, no
Julinho;
b) exposição no saguão
da escola sobre o tema.
Continuidade do projeto no ano de 2013:
a) Continuidade do
trabalho de pesquisa com o acompanhamento
dos trabalhos da Comissão da Verdade;
b) exibição de filmes com debates
sobre este período;
c) produção de um vídeo mostrando os resultados da pesquisa, com depoimentos de ex-alunos que viveram este momento histórico no Julinho, além de amigos e familiares dos ex-alunos mortos.
Continuidade do projeto no ano de 2014:
a) Acompanhamento do trabalho da Comissão Nacional da Verdade;
b) publicação dos resultados do projeto.