30 de março de 2013

Luiz Eurico Tejera Lisboa




Luiz Eurico Tejera Lisbôa nasceu em 19 de Janeiro de 1948, na cidade de Porto União, Santa Catarina. Veio para Porto Alegre e tornou-se aluno do Julinho, já no prédio novo.
No livro A Guerrilha Brancaleone, o autor Cláudio Antônio Weyne Gutiérrez, colega de escola e companheiro de militância de Luiz Eurico, narra sua viagem para Caxias do Sul em 1966, rumo a um encontro da União Gaúcha dos Estudantes Secundaristas, e descreve o amigo:
O Ico, companheiro de viagem, ingressara no PCB há pouco tempo e cursava o Clássico. Começara a militar através da Juventude Estudantil Católica (JEC) e na Ação Popular. Filiado ao PCB, era um ativista inteiramente dedicado. Brincalhão, com um sorriso contido que era sua marca registrada, sabia ser muito irônico quando era provocado. Era um iniciado no discurso da esquerda e um polemista extraordinário.
No ano de 1968, no fechamento do Grêmio Estudantil, Luiz Eurico e Cláudio Gutiérrez foram presos na Praça Piratini, em frente ao colégio, quando tentaram entregar um documento que solicitava a reabertura do Grêmio. Ainda em 1968, novamente com Gutiérrez, foi preso por participar da instalação do Grêmio Livre (já que a direção havia fechado o Grêmio, os alunos o instalaram na praça), e terminou expulso. Após sair do Julinho mudou-se para Santa Maria. Na militância estudantil, fez parte da direção da UGES e, além do Partido Comunista Brasileiro, atuou nos grupos VAR-Palmares e Ação Libertadora Nacional.
Em 1969 Luiz casou-se com Suzana Keniger Lisboa, e trabalhou como secretário no SENAI (Serviço Nacional da Indústria) mas, pela sua prisão anterior, foi obrigada a sair de lá e optar pela clandestinidade, indo para Cuba.
Voltou no ano de 1971 para o Brasil, mas desapareceu em São Paulo na primeira semana de setembro de 1972. Somente em junho de 1979 o Comitê Brasileiro Pela Anistia conseguiu localizar o corpo de Luiz Eurico, enterrado com o nome de Nelson Bueno, no Cemitério Dom Bosco, em Perus, São Paulo. Descobriu-se então que ele teria sido assassinado com diversos tiros em uma pensão no bairro da Liberdade, havendo uma versão oficial de que teria cometido suicídio. Dentre os desaparecidos políticos do período da ditadura civil-militar, ele foi o primeiro a ter o corpo localizado.

Luiz Eurico foi um dos três ex-alunos do Julinho que foram mortos por sua militância política, durante as ditaduras do Cone Sul.

28 de março de 2013

O Projeto


“Direitos Humanos, Movimento Estudantil no Julinho e Comissão da Verdade.”


Justificativa:
O tema “Comissão da Verdade” está no cenário político da atualidade. Jornais, revistas, televisão e rádios dão ênfase a esta questão. Após 27 anos do fim do Regime Militar, o Brasil poderá, finalmente, passar a limpo este triste período de sua história e verificar o que realmente aconteceu com as pessoas que se opuseram à Ditadura. Foram centenas que desapareceram sem ao menos os familiares saberem o que realmente aconteceu. Dentre elas, milhares de jovens estudantes que lutaram e morreram para que hoje o povo brasileiro possa consolidar sua democracia.       
Por ser este um importante desafio para o Brasil, a proposta do projeto “Direitos Humanos - Comissão da Verdade no Julinho”- é mostrar aos jovens estudantes de hoje o que ocorreu durante a Ditadura Militar, imposta a partir do golpe de 1964.   Para tanto, as palavras de nosso ex-aluno Cláudio Gutiérrez, escritas no seu livro “A Guerrilha Brancaleone” (1999) - nos inspira a trazer este assunto para dentro da Escola. Diz ele: “Em todas as cidades existem locais que, por sua significação no imaginário das pessoas, tornam-se referências, verdadeiros símbolos. O Colégio Júlio de Castilhos, o Julinho, é, para os porto-alegrenses, sinônimo de inconformidade e rebeldia”. 
E é por essa “inconformidade e rebeldia” que muitos alunos, pelas mãos de um Grêmio Estudantil extremamente atuante na época, foram às ruas manifestar sua indignação contra a Ditadura Militar. Com uma participação intensa, alguns fizeram parte de organizações ativistas que foram para a linha de frente encarar diretamente o autoritarismo e a violência policial impostos pelo regime.  Entre eles, três jovens, fazem parte desta história: Luiz Eurico Tejera Lisboa, Nilton Rosa da Silva e Jorge Alberto Basso.  As fotos desses estudantes estão no saguão da Escola, em um justo tributo prestado pelo Grêmio Estudantil, Gestão 2002, por ocasião das comemorações de seus 60 anos.
Para tanto, com o intuito de revisar essa história, será preciso voltar ao passado para lembrar como tudo começou.  Com isso, o projeto passa a ser desenvolvido da seguinte maneira:

Eixos da Pesquisa:
1) Golpe de 1964 e os Presidentes Militares / Os chamados “Anos de Chumbo” – com os presidentes Costa e Silva e Garrastazu Médici: A falta de libertada decretada pelo Ato Institucional N.º 5, o famoso “AI5” / A violação de Direitos / A perseguição e o exílio de políticos, artistas e opositores do regime.
2) A resistência do Movimento Estudantil no Colégio Estadual Júlio de Castilhos –destaque para os ex- alunos, citados anteriormente: Luiz Eurico, Nilton Rosa, e Jorge Alberto, (mortos pelo Regime), ênfase também para Cláudio Antônio Gutiérrez, cuja obra - “A Guerrilha Brancaleone”, servirá como análise para o trabalho, bem como Lauro Hagmann e outros que viveram esse momento no Julinho.
3) Além de pesquisa sobre os ex-alunos, a ideia é verificar também como agia a Direção do Colégio na época. Como se deu o apoio (ou não) dos professores ao Movimento Estudantil. Como eles atuavam na sala de aula no período da Ditadura.  Se algum tipo de represália foi imposta aos que não aceitavam a repressão.
4) Hoje, o que dizem os familiares e amigos das vítimas da Ditadura, que sempre lutaram para a existência da Comissão da Verdade.
5) O que é a Comissão da Verdade, qual é o seu objetivo e quem são os seus integrantes.

Como o trabalho será desenvolvido:
Pesquisa pelos alunos integrantes do Grupo sobre o tema:
a) Em jornais, revistas, Internet; b) leitura das obras indicadas: * A Guerrilha Brancaleone, de Cláudio Gutiérrez, 1999; * O Julinho sempre foi Notícia, de Cora Copstein, Márcia Lima e Silva, Neiva Schaffer, 2001, * Resgate da Memória da Verdade: um direito histórico, um dever do Brasil - (SDH Presidência da República) 2011; 
c) análise da música “Aquele tempo de Julinho” – de Nelson Coelho de Castro, 
d) entrevistas para buscar depoimentos de ex-alunos, ex-professores, familiares;

Fechamento do projeto no ano de 2012:
a) Seminário com familiares e amigos dos três ex-alunos que morreram vítimas da ditadura, bem como ex-alunos da escola, que darão o seu testemunho sobre os acontecimento vivenciados neste período, no Julinho;
b) exposição no saguão da escola sobre o tema.

Continuidade do projeto no ano de 2013:
a) Continuidade do trabalho de pesquisa com o acompanhamento  dos trabalhos da Comissão da Verdade;
b) exibição de filmes com debates sobre este período;
c) produção de um vídeo mostrando os resultados da pesquisa, com depoimentos de ex-alunos  que viveram este momento histórico no Julinho, além de amigos e familiares dos ex-alunos mortos.

Continuidade do projeto no ano de 2014:
a) Acompanhamento do trabalho da Comissão Nacional da Verdade;
b) publicação dos resultados do projeto.