22 de setembro de 2013

O Sistema Nacional de Informações (SISNI)

No dia 20 de setembro a Comissão Nacional da Verdade, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva" e a Comissão Municipal da Verdade "Vladimir Herzog" realizaram audiência conjunta A Cadeia de Comando da Repressão. Foi apresentada a organização do Sistema Nacional de Informações (SISNI), um "conjunto de órgãos destinados à produção de informações em proveito da política de segurança e da política de desenvolvimento do país", encabeçado pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). Os documentos demonstram que o conjunto de órgãos de repressão se reportava diretamente à Presidência da República.


Organograma do SISNI, apresentado na audiência.

A integrante da CNV Rosa Cardoso afirmou:
O conjunto de documentos que nós vamos conhecendo, e o conjunto de depoimentos que colhemos, nos ajudam a ter uma visão mais clara e a desfazer certos mitos, como, por exemplo, o de que o golpe foi feito para salvar a democracia. O golpe foi planejado e executado por cerca de 400 militares que, desde a década de 50, seja nos estudos da Escola Superior de Guerra, no Ipes ou no Ibad, para impor um estado de segurança nacional, militarizado, para construir uma máquina de guerra antirrevolucionária. Foi apresentado aqui hoje o organograma da cadeia de repressão e agora é preciso complementá-lo com os nomes, o que mostra que temos muito trabalho pela frente.
* Link para a notícia no site da CNV.

* Link para a apresentação completa em pdf da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo "Rubens Paiva": SISNI - Sistema Nacional de Informações: O terrorismo de Estado implantado no país a partir do golpe de Estado de 1964.

14 de setembro de 2013

O funeral de Nilton Rosa

Esta semana, no dia 11 de setembro, completaram-se 40 anos do golpe militar ocorrido no Chile, que derrubou o governo democraticamente eleito de Salvador Allende, dando início à sangrenta ditadura de 17 anos do general Pinochet. A morte de Nilton Rosa, ex-aluno do Julinho e militante do MIR, está intimamente ligada a este golpe militar. Nilton foi assassinado três meses antes, por membros da ultradireita golpista, quando participava de uma manifestação de apoio ao governo de Allende.


A fotógrafa norte-americana Amy Conger estava vivendo no Chile, onde lecionava na Universidade, quando Nilton Rosa foi assassinado, no dia 15 de junho de 1973. Dois dias depois ela acompanhou o funeral e, por ter contatos entre os militantes da esquerda chilena, foi autorizada a fotografar o cortejo, que contou com a presença de cerca de cem mil pessoas. Após o golpe de 11 de setembro que colocou o general Pinochet no poder, pelo temor de ter suas fotos apreendidas e utilizadas para identificar os militantes da esquerda, Amy destruiu as fotografias reveladas e enviou os negativos para seu país natal. Em 2010 ela publicou o livro Nilton da Silva Rosa: June 17, Santiago. "We Don't Forget the Color of Blood". As fotografias mostram um panorama dos movimentos de esquerda da América Latina e da comoção causada pelo assassinato de Nilton. O nome completo de Nilton (Nilton Rosa da Silva) encontra-se invertido no título do livro por uma confusão, pois na língua espanhola o sobrenome paterno costuma ser o segundo nome, antecedendo o materno. 

* Nilton da Silva Rosa: June 17, Santiago. "We Don't Forget the Color of Blood". Amy Conger. Nolvido Press, 2010 (link para adquirir o livro, é possível visualizar todo o livro no site). 

Sobre Nilton, a autora escreveu:
Nilton, um líder marxista do sul do Brasil, precisou entrar na clandestinidade. Ele deixou seu país em 1971 como milhares de outros. O hino chileno descreve o Chile como "un asilo contra la opresión". Ele ingressou no Departamento de Literatura Espanhola da Universidade do Chile.
Ele era conhecido como um falador incessante, um galanteador incansável, um trovador com o violão, um marxista internacional, um líder natural e um poeta. Seus companheiros de curso, seus colegas de faculdade, o amavam.
Ele também sabia o que havia ocorrido e estava ocorrendo no Brasil então, e contava a seus companheiros, em detalhes, em technicolor, sobre tortura, desaparecimentos e assassinatos. Ele havia estado lá, participado. Como uma multidão de chilenos, eles acreditavam que isto nunca poderia acontecer no Chile pois, eles explicaram, eles tinham a mais longa tradição democrática de qualquer país na América Latina. (Quantas vezes eu ouvi isso?) Ele costumava responder: Que es libertade?


As ruas pertenciam a Nilton naquela manhã. As calçadas estavam lotadas. Eu nunca imaginei que houvesse tantos apoiadores da UP [Unidad Popular, coligação pela qual Allende fora eleito] em Santiago dispostos a caminhar 10 km até o Cemitério Geral. Ali estavam de fato milhares de bandeiras e coroas de flores de todos os partidos de esquerda da América Latina, incluindo aqueles que sequer tinham a aprovação do MIR.
Para mim, as cenas mais memoráveis foram os estudantes com bandeiras erguidas no teto da Escola de Medicina gritando "Nilton da Silva?" e a multidão respondendo "Presente"; os estudantes em ambos os lados da rua baixando suas bandeiras quando o carro fúnebre de Nilton aproximava-se e passava; o Comitê Político do MIR totalmente exposto a um ataque cirúrgico dos fascistas, encabeçando a marcha dos enlutados; e as milhares de pessoas erguendo seus pulsos, subindo na columbaria, cantando a Internacional, enquanto o caixão é colocado em seu nicho.
As pessoas pareciam compreender que aquela seria a última grande manifestação da esquerda. Nilton representou seus objetivos e não apenas aqueles do povo chileno mas das pessoas anti-imperialistas e militantes ao redor do mundo que estavam tentando distribuir riqueza através dos meios democráticos.

Outro livro de Amy Conger resultado de sua estada no Chile entre 1972 e 1973 é Bienvenido to Nueva Havana: Santiago, Chile 1972-1973. Este livro reúne imagens da vila Nueva Havana, em Santiago, uma experiência de comunidade autogestionária iniciada em 1970, que sofreu intervenção dos militares após o golpe. Também estas fotografias foram escondidas e só foram publicadas recentemente pelo risco de serem utilizadas pela repressão da ditadura de Pinochet na identificação de apoiadores do governo de Allende.

Fotografias e citações: Amy Conger.

4 de setembro de 2013

41 anos da morte de Luiz Eurico Lisbôa

Nesta semana se completaram 41 anos do assassinato de Luiz Eurico Tejera Lisbôa, ex-aluno do Julinho. Luiz Eurico foi expulso da escola pela sua militância estudantil, preso e fichado no DOPS pela tentativa de reabrir o Grêmio Estudantil da escola, atuou na direção da UGES e entrou para a luta armada, integrando a VAR-Palmares e a ALN. Foi assassinado pela repressão em São Paulo em 1972 e sepultado com nome falso no cemitério de Perus, em São Paulo. A versão oficial era de suicídio. Seus restos mortais foram identificados em 1979, após uma longa busca de sua esposa Suzana Lisboa, também ex-aluna do Julinho. Este ano, uma perícia nas fotografias e no laudo desmentiu a tese do suicídio.

Trecho de uma carta de Luiz Eurico à Suzana, publicada no livro Condições Ideais Para o Amor:
Fiquei com pena de todos eles, Suzana. Dos que mentem, dos que invejam, dos empertigados, dos ambiciosos, dos que fazem do amor um remédio, um passatempo, um negócio, um paliativo. E percebi quão poucos entre nós chegaram ao sentimento final do combate que travamos. Eles não compreendem, Suzana, que nós somos um momento na luta que o Homem vem enfrentando através da História, cada vez mais conscientemente, pela felicidade. Não entendem que nós buscamos, em última análise, as condições ideais para o amor. Tanto no plano coletivo, como individual. E acabam negando, no dia-a-dia, como eu neguei até te conhecer, o objetivo que aparentaram querer atingir.

Leia matéria publicada nesta segunda-feira no site Sul21 sobre Luiz Eurico.

* A revolução que está por vir: 41 anos sem Luiz Eurico Tejera Lisbôa (link para a matéria no Sul21).

2 de setembro de 2013

41 anos da Morte de Luiz Eurico



Hoje, 02 de setembro de 2013, 41 anos da morte de Luiz Eurico (Luiz morreu em 02 de setembro de 1972)! O militante que tanto lutou contra a ditadura, foi morto em um quarto de uma pensão. Até há algum tempo atrás a versão “oficial” era de suicídio. Mais uma vitória foi o novo atestado de óbito de Luiz dizendo que ele infelizmente foi assassinado! O jovens que assim como ele lutaram contra a ditadura devem sempre ser lembrados!