A
professora Eugênia Grimberg graduou-se em Geografia e História em
dezembro de 1945, e já no início de 1946 foi nomeada professora de história no
Julinho, assumindo as turmas de 1ª, 2ª e 3ª séries do colegial noturno.
Ao
entrar na escola enfrentou resistência de professores antigos, motivados por preconceito
contra professoras oriundas dos cursos de licenciatura da faculdade de
filosofia, pois até então predominavam formados em outras áreas, sem formação
pedagógica, como engenheiros, médicos, farmacêuticos e advogados, que muitas
vezes lecionavam disciplinas para as quais não tinham formação. Em
seu relato, a professora Eugênia afirma que os alunos do Julinho não se
destacavam apenas pelo seu desempenho escolar, mas também por um alto grau de
politização e ativismo.
Após
o golpe militar de 1º de abril de 1964, a imprensa passou a denunciar
professores supostamente subversivos, que deveriam ser punidos e banidos das
escolas. A professora Eugênia foi denunciada por colegas do Julinho, e demitida
com base no Ato Institucional n. 1 (AI-1), de 9 de abril. Estas são as "acusações"
que constam na denúncia da Comissão Estadual de Investigação:
1. Elemento de ideias esquerdizantes e por cuja divulgação se empenhou, inclusive através de recomendação de livros didáticos de autores de reconhecida posição esquerdista.2. Aplaudiu a proposição de solidariedade a Cuba, realizada em frente ao Colégio Júlio de Castilhos.3. Concitou o comparecimento ao Comício do Largo da Prefeitura de 1º-4-64, de apoio à resistência armada contra a Revolução Democrática.4. Após a vitória deste movimento, afirmou em aula, no Colégio Júlio de Castilhos que a vitória agora havia sido dos gorilas, mas que, no futuro, as forças populares reagiriam e se tornariam vitoriosas.
Fonte: GRIMBERG, Eugênia, Noventa anos do
Colégio Júlio de Castilhos. In: LIMA,
Otávio Rojas (org.), Memórias do "Julinho". Porto Alegre:
ed. Sagra, 1990.
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