15 de julho de 2013

Professor Décio Nunes Floriano


Décio Nunes Floriano exerceu militância política desde cedo, tendo participado da campanha pela entrada do Brasil na Segunda Guerra, contra os países do Eixo, e mais tarde do Movimento Mundial pela Paz. Militou na UNE, e enquanto estudava na Faculdade de Filosofia, atuou como professor no Curso Gratuito Franklin Delano Roosevelt, criado por iniciativa dos alunos da universidade para preparar alunos maiores de 18 anos para exames de conclusão do ginásio e do colégio. Bacharel em matemática e física, e lecionou no Instituto Porto Alegre (IPA) e no Colégio Sinodal, em São Leopoldo.
 
Décio ingressou no magistério estadual através de concurso público durante a gestão do governador Ernesto Dornelles. Em abril de 1951 foi nomeado professor de física no Julinho. Por suas opiniões políticas, aproximou-se do historiador e militante comunista Jacob Gorender. Durante o governo de João Goulart, manifestou-se favorável às reformas de base anunciadas.

No dia 13 de março de 1964 os professores do estado realizaram uma assembleia geral, onde se decidiram por uma greve, exigindo a implementação do pagamento dos salários de janeiro e fevereiro, que os professores não recebiam. O professor Décio foi uma das lideranças nesta greve, que foi vitoriosa, passando os professores a ter férias remuneradas.

Poucos dias após o golpe militar, no dia 9 de abril de 1964, foi decretado o Ato Institucional nº 1 (AI-1), com base no qual o professor Décio Floriano foi demitido sob a acusação de “atentar contra o regime democrático e a segurança nacional”. No mesmo ano, todas as turmas que se formavam na escola, tanto no ginásio quanto no colegial, o homenagearam escolhendo-o como paraninfo. Em função disso, a cerimônia de formatura foi cancelada.

No documento da denúncia, da Comissão Estadual de Investigação, constam as seguintes “acusações”:
1.   Comunista militante. Tendo participado de movimentos comunistas desde 1945 e das frentes legais deste, como a “Aliança Pela Paz”.
2.   Promotor de movimentos subversivos, como a greve ilegal do Magistério, em 1964.
3.   Elemento ligado ao líder comunista Jacob Gorender.
4.   Partidário da “Frente de Mobilização Popular Pelas Reformas de Base”.
5.   Reagiu contra a Revolução Democrática de 31 de março, inclusive incitando comparecimento ao comício do Largo da Prefeitura, do dia 1º de abril.
As demissões com base nos Atos Institucionais da ditadura civil-militar foram anuladas, no estado, em outubro de 1986.

Fonte: FLORIANO, Décio, Depoimento. In: LIMA, Otávio Rojas (org.), Memórias do "Julinho". Porto Alegre: ed. Sagra, 1990.

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