14 de junho de 2013

Livro - Meninas e meninos marcados pela ditadura


A série de reportagens As Crianças e a Tortura, exibida pelo Jornal da Record essa semana, trouxe vários casos de crianças e adolescentes que sofreram diretamente a violência da ditadura civil-militar.

O livro Direito à Memória e à Verdade: Histórias de Meninas e Meninos Marcados Pela Ditadura, editado em 2009 pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, é uma boa indicação para iniciar uma pesquisa sobre o assunto.
As tentativas de apagar de nossas memórias os acontecimentos relacionados à ditadura militar no Brasil produziram uma sensação de apatia e até de indiferença nas novas gerações. Pouco se conhece sobre os porões da ditadura. Os ativistas políticos da oposição clandestina foram vistos como inimigos da ordem pública e apenas um ou outro personagem se tornou reconhecido, mesmo que tardiamente. Além disso, a velocidade do tempo na vida contemporânea e a circulação frenética de informações aumentaram ainda mais a distância desse passado recente.
No entanto, as práticas de tortura não podem ser associadas apenas a um tempo já findo. Os corpos e as almas continuam a ser violados mesmo nos dias de hoje, demonstrando que não podemos considerar os microfascismos como superados. A publicação deste livro com histórias de meninos e meninas que foram marcados pela ditadura militar nos permite este duplo sentido: de um lado, reavivar a memória e, de outro, chamar a atenção para a necessidade de reafirmação constante dos valores em Direitos Humanos.
Neste livro, são contadas histórias de adolescentes ativistas políticos, bem como o cotidiano de uma infância e adolescência modificadas radicalmente pela opção de seus pais em resistir à ditadura militar. Não se trata aqui de uma contabilidade ressentida de lamentos. Mas de mostrar que, nas trajetórias de vida, é possível entrever uma força positiva que apela para a necessária digestão da experiência. Como diz uma das canções lembradas no livro: “Perdoem por tantos perigos, perdoem a falta de abrigo, perdoem a falta de amigos, os dias eram assim...”.

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