24 de agosto de 2013

Semana Temática Nilton Rosa (3)

Fotografia: Jornal do Povo

Uma das boas surpresas na nossa participação na Semana Nilton Rosa foi a oportunidade de conhecer o professor paulista Ariceu Vieira, que também participou da luta armada contra a ditadura, sendo amigo de Nilton e convivendo com ele no início da década de 1970. Ele estava em Cachoeira do Sul, por outras razões, acompanhando a esposa, que é natural desta cidade, quando ficou sabendo da homenagem à Nilton Rosa através do jornal e entrou em contato com os organizadores para dar seu testemunho. Sua participação foi na mesma tarde em que apresentamos o projeto Direitos Humanos, Movimento Estudantil no Julinho e Comissão da Verdade.

Ariceu conviveu com Nilton no Chile. Juntos, percorreram o país atuando em uma montagem da peça O Pagador de Promessa, baseada na obra de Dias Gomes. Relata que o estudante gaúcho nunca revelava sua origem, embora o sotaque denunciasse que era do Rio Grande do Sul. Até agora, Ariceu não sabia que a cidade natal de sua esposa era também a do seu grande amigo.

Seu depoimento foi muito emocionado. Relatou que estava presente no momento em que Nilton foi metralhado, e acompanhou seu funeral. Defendeu o resgate de memória do período da ditadura nas escolas, e se colocou à disposição para colaborar com o nosso projeto. O Jornal do Povo, de Cachoeira do Sul, entrevistou Ariceu.

Testemunha ocular da história do mártir: Segredo é desvendado 40 anos após a morte do cachoeirense que virou herói no Chile  - Jornal do Povo - 19/08/2013 - 06h00 por Luís Bacedoni (link para a matéria do jornal - para visualizar é necessário fazer o cadastro).

A matéria do jornalista Luís Bacedoni, que acompanhou e divulgou a programação durante a semana, também deu destaque à participação do Julinho na programação.


Fotografia: Jornal do Povo

Julinho prepara documentário sobre ex-alunos

O Colégio Estadual Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, um dos principais redutos de resistência à ditadura militar nos anos 70, prepara um documentário sobre os ex-alunos que combateram a repressão, entre eles o cachoeirense Nilton Rosa. Conhecidos como brancaleones”, alusão ao filme italiano “O incrível exército de Brancaleone”, dirigido por Mario Monicelli, os estudantes que agitaram o colégio Julinho nos anos de chumbo eram considerados anarquistas e atrapalhados.
"O Orelhinha chegou a ser intimado para comparecer à direção da escola e assinar documento no qual se comprometia em não promover desordens", relatou a professora pesquisadora Bárbara Maria Nunes. A estudante Mariana Guimarães de Fraga, que também integra o grupo de pesquisa, fez um relato sobre o cachoeirense e garantiu que ele não cumpriu os termos do acordo feito com a direção do Julinho e acabou sendo expulso da escola. O ano era 1968 e o país estava sob o jugo do Ato Institucional nº 5, que cerceou direitos civis e instalou a fase mais cruel da ditadura militar.
FILME - De acordo com a professora Bárbara, a pesquisa sobre os ex-estudantes que morreram lutando contra a ditadura está em andamento e o objetivo é produzir um documentário resgatando essa memória. Além de Orelhinha, outros dois alunos do Julinho foram mortos pelo regime militar: Luiz Eurico Lisboa, irmão do cantor e compositor Nei Lisboa, e o argentino Jorge Basso, que desapareceu quando lutava contra a ditadura militar em seu país de origem.
Para nós, o evento realizado em Cachoeira do Sul foi uma grande oportunidade de conhecer contatos que podem nos ajudar a aprofundar a pesquisa sobre este ex-aluno juliano, além de divulgar o projeto realizado em nossa escola.

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